Predição de Gravidez Ectópica Pela Relação do Beta-hCG

AVISO: Os resultados apresentados são probabilidades determinadas com base em um modelo estatístico publicado e não possuem nenhuma garantia de resultado. As hipóteses diagnósticas e condutas clínicas devem ser elaboradas por um médico capacitado. Os resultados apresentados não substituem o julgamento clínico. A Fetalmed, nem qualquer outra parte envolvida na preparação ou publicação deste site não se responsabilizam por quaisquer danos ou consequências advindas do uso deste material.


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Como usar a calculadora para predição da chance de Gravidez Ectópica?

A calculadora utiliza um modelo matemático chamado de M4. O modelo M4 já demonstrou boa performance para estratificar mulheres classificadas como gravidez tópica viável, abortamento ou gravidez ectópica. O desempenho da triagem do modelo M4 é baseado na relação do beta-hCG em dois momentos, o momento da apresentação clínica e o segundo momento é 48 horas após a primeira dosagem.

Portanto é necessário que a dosagem do beta-hCG seja realizado em zero hora (momento da apresentação clínica) e 2 dias após a primeira dosagem. Dosagens em momentos diferentes não deverão ser utilizadas para predição do desfecho.

O que é o Modelo M4?

O Modelo M4 usa análise de regressão logística e incorpora a relação do beta-hCG 48/0 hora. É a melhor abordagem disponível para detectar gravidez ectópica como exame laboratorial. A associação com a ultrassonografia geralmente é necessária para o diagnóstico final.

A gravidez ectópica é uma complicação potencialmente fatal da gestação inicial, principalmente quando o tratamento é postergado. Apesar de uma avaliação médica abrangente, incluindo avaliação de risco da paciente, avaliação clínica e exames complementares, a taxa de mortes no Reino Unido por gravidez ectópica não diminuiu desde 1991. De fato, um terço das mulheres com gravidez ectópica não apresenta sinais clínicos e até 10% é assintomática. O uso de ultrassonografia transvaginal melhora a precisão do diagnóstico. No entanto, apenas 73,9% das getações ectópicas tubárias são identificadas pelo ultrassom transvaginal inical.

Portanto a associação da ultrassonografia com as dosagens do beta-hCG é a melhor estratégia para identificar a gestação ectópica.

Como interpretar o Resultado do Modelo M4

Os resultados apresentados são probabilidades de desfecho. De uma maneira simplista, quando a relação do beta-hCG 48/0 hora é maior que 1,6 é maior a probabilidade de uma gravidez tópica viável.

Por outro lado se o resultado for menor que 0,8 é mais provável que o desfecho seja um abortamento, de gravidez tópica ou ectópica.

A maior parte das gestações ectópicas irá apresentar resultado entre 0,8 e 1,6. Como pode ser visto no gráfico abaixo, mesmo assim, a maioria dos casos com resultado neste intervalo ainda serão gestações tópicas viáveis ou abortamentos.

Chance de gravidez ectópica, conforme a relação do beta-hCG

Gonadotrofina coriônica humana

O beta-hCG é uma pequena fração da gonadotrofina coriônica humana. Este hormônio é produzido bem precocemente pelo trofoblasto (placenta em formação). Em gestações normais os valores de beta-hCG habitualmente dobram a cada 48 horas.

Já nos casos de abortamento o beta-hCG costuma baixar progressivamente pois não há mais trofoblasto produzindo o hormônio.

Nas gestações ectópicas geralmente os valores de beta-hCG sobrem, entretanto mais lentamente do que quando comparado com uma gestação normal. Por isso a sua relação de subida pode ajudar a identificar os casos de gravidez ectópica.

Quando suspeitar de uma Gestação Ectópica

Mulheres grávidas com dosagem de beta-hCG superior acima de 2.000 mIU/ml geralmente tem sua gestação identificada no ultrassom transvaginal. Caso o seu beta-hCG esteja superior a 2.000 mIU/ml e o ultrassom transvaginal não identifique sinais de gestação intra-uterina você pode estar diante de um caso de gestação ectópica.

Apesar de algumas gestações ectópicas serem assintomáticas, quando existem sintomas os mais comuns são:

  • Atraso menstrual
  • Dor abdominal
  • Sangramento vaginal

A maioria dos casos de gestação ectópica é diagnostica por volta da 7 semana de gestação. O diagnóstico geralmente é feito pela combinação do ultrassom transvaginal com a dosagem do hormônio beta-hCG na corrente sanguínea.

Idade gestacional do diagnóstico de Gravidez Ectópica

Pacientes usuárias de Dispositivo Intrauterino (DIU), portadoras de endometriose, tabagistas ou que utilizaram anticoncepção emergencial tem maior risco de gravidez ectópica.

Nestes casos a implantação do embrião tem mais chance de ocorrer em localização fora da cavidade do útero.

Tratamento da Gravidez Ectópica

O tratamento da gravidez ectópica pode ser clínico ou cirúrgico. Quando o médico opta pelo tratamento clínico poderá utilizar uma medicação chamada metotrexato. O tratamento clínico necessita de acompanhamento para verificar a queda dos níveis de beta-hCG. Quando o caso é bem selecionado a chance de sucesso com o tratamento clínico é boa.

Nos casos onde existe um quadro de sangramento (gravidez ectópica rota), o tratamento cirúrgico é o mais indicado. A cirurgia permite a retirada da gravidez ectópica e a ligadura de um vaso que eventualmente esteja sangrando. Ela pode ser feita por laparotomia (cirurgia aberta) ou videolaparoscopia.

Nos casos tratados com cirugia geralmente a tuba uterina é removida. Isso impede a ocorrência de uma nova gestação ectópica do mesmo lado. Entretanto mulheres com uma gestação ectópica possivelmente apresentam problemas nas duas trompas de Falópio. Portanto em uma gestação futura tem maior chance de nova gravidez ectópica na tuba uterina do outro lado.

A escolha do tipo de tratamento da gravidez ectópica deve ser realizada por seu médico considerando o seu quadro clínico.

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