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A depressão pós-parto é uma condição que atinge muitas mulheres no Brasil. De acordo com estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), de 2016, em média, 25% das brasileiras são afetadas por esse transtorno.
Com a pandemia, então, houve um aumento significativo desse número. Segundo levantamento feito pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), 38,8% das mulheres que deram à luz no período apresentaram depressão pós-parto.
Depressão na Gravidez e Após o parto, qual a diferença?
Sem dúvida, tanto a depressão durante a gravidez quanto a depressão pós-parto são situações de saúde mental sérias que requerem atenção e cuidado adequados. Embora ambas possam compartilhar sintomas semelhantes, como alterações de humor, ansiedade, fadiga, e dificuldade de concentração, existem nuances que distinguem uma da outra.
Durante a gravidez, a depressão é geralmente desencadeada pelas mudanças hormonais e físicas, juntamente com a ansiedade sobre o parto e a maternidade. A depressão pós-parto, por outro lado, pode ser influenciada pela queda abrupta de certos hormônios após o parto, aliada à privação de sono, ao esforço físico do parto e à pressão de cuidar de um recém-nascido. Além disso, enquanto a depressão na gravidez pode afetar o desenvolvimento fetal e levar a complicações no parto, a depressão pós-parto pode afetar a capacidade da mãe de cuidar e se conectar com o bebê, além de interferir em seu próprio bem-estar.
Entendendo a Depressão Pós-Parto
A Depressão Pós-Parto (DPP), também chamada de depressão puerperal, é uma condição que afeta muitas novas mães, geralmente nos primeiros meses após o parto. É importante, contudo, distinguir a DPP da condição comumente referida como “baby blues”. O “baby blues” afeta até 80% das novas mães e inclui sintomas como choro fácil, irritabilidade, ansiedade e alterações de humor. Contudo, estes sintomas tendem a ser leves e geralmente desaparecem sem tratamento após cerca de duas semanas.
Por outro lado, a Depressão Pós-Parto é uma condição de saúde mental mais grave e persistente, caracterizada por sentimentos profundos de tristeza, ansiedade, desesperança, e em casos mais severos, pensamentos de machucar a si mesma ou ao bebê. A DPP pode durar por meses ou até mais e geralmente requer tratamento profissional para ser superada.
O que causa a depressão pós-parto?
As causas dessa condição psicológica são variadas. Um dos principais fatores que desencadeia a depressão pós-parto é o desequilíbrio hormonal. Durante a gravidez, a quantidade de estrogênio e progesterona aumenta no corpo da gestante. A partir das primeiras 24 horas após o parto, esses hormônios diminuem rapidamente, até voltarem ao nível anterior à gestação.
Essas mudanças provocam alterações emocionais na mulher e têm como resultado a tristeza pós-parto (baby blues), que é muito comum. É considerado depressão quando esse desânimo e melancolia inicial duram por mais de duas semanas e se manifestam mais intensamente.
Existem também outras causas possíveis da depressão pós-parto, como gravidez de risco ou não planejada e abandono do parceiro ou da família. Estresse, privação de sono e mudanças na rotina, que são comuns com a chegada de um bebê, também podem resultar nesse caso clínico. Ainda, ter histórico depressivo comum, ou mesmo de depressão pós-parto em gestação anterior, são fatores de risco.
Como se manifesta a depressão pós-parto?
Os sintomas são semelhantes ao de uma depressão comum, com algumas diferenças. São eles:
- Tristeza extrema e choro frequente;
- Baixa autoestima e pessimismo;
- Irritabilidade, estresse e ansiedade;
- Cansaço intenso;
- Distúrbios do sono;
- Aumento ou diminuição drástica de apetite;
- Sentimento de culpa;
- Dificuldade de concentração;
- Perda de interesse em atividades diárias e prazerosas (anedonia);
- Dores corporais (cabeça, peito);
- Preocupação exagerada ou falta de cuidado com o bebê;
- Ideação suicida (em casos mais graves).
Esses sintomas podem começar a aparecer até um ano após o parto. Por isso, é importante que as puérperas estejam atentas a essas mudanças e busquem ajuda profissional o quanto antes. O apoio da família também é essencial para observar essas diferenças de comportamento da mulher o mais rápido possível.
A depressão pós-parto, também, é diferente da psicose pós-parto, uma condição ainda mais grave. Na psicose é comum que a mulher tenha alucinações e sensação de perseguição, o que não ocorre na depressão.
Como Previnir o Problema
A prevenção da Depressão Pós-Parto começa com o entendimento de que esta é uma condição médica real que pode afetar qualquer mãe, independentemente de sua história pessoal ou familiar. Embora não haja uma forma garantida de prevenir completamente a depressão pós-parto, existem estratégias que podem ajudar a reduzir o risco e a gravidade dos sintomas.
Primeiramente, é essencial que a mãe mantenha um diálogo aberto e honesto com o seu médico durante todo o período de gestação e pós-parto. Isso inclui discutir eventuais sintomas de depressão ou ansiedade que possam surgir, bem como quaisquer históricos pessoais ou familiares de doenças mentais.
Outra estratégia de prevenção é a prática do autocuidado. Isso significa garantir que a mãe tire um tempo para cuidar de si mesma, física e emocionalmente. O autocuidado pode envolver atividades como se alimentar de maneira saudável, praticar exercícios físicos regularmente, descansar o suficiente e separar um tempo para relaxar e fazer atividades prazerosas. A ideia é que, ao cuidar de si mesma, a mãe esteja em melhores condições para lidar com as demandas e desafios do pós-parto.
Além disso, o apoio social desempenha um papel importante na prevenção da Depressão Pós-Parto. Ter amigos, família e grupos de apoio com quem contar pode ser extremamente útil para as mães durante este período desafiador. A possibilidade de compartilhar experiências, pedir ajuda e sentir-se compreendida pode fazer toda a diferença no estado emocional da mulher no pós-parto.
Como é o tratamento da depressão pós-parto?
O tratamento desse transtorno psicológico varia de acordo com a intensidade dos sintomas. Em casos mais leves, só a psicoterapia já é suficiente. Mas, em pessoas com quadros depressivos mais graves, o uso de medicamentos pode ser necessário. Geralmente, são prescritos antidepressivos tricíclicos ou inibidores da recaptação de serotonina.
O uso de remédios deve ser acompanhado de perto por um psiquiatra durante todo o tratamento, para evitar riscos à mãe e ao bebê. Pacientes com episódios depressivos constantes e intensos podem precisar de medicamentos por um longo período.
O tratamento da depressão pós-parto é essencial para evitar que o agravamento do problema. Mulheres que não recebem ajuda profissional nesse período podem desenvolver depressão crônica.
Rede de Apoio para Mães com Depressão Pós-Parto
Apoiar uma mãe com Depressão Pós-Parto é vital para sua recuperação e bem-estar. Família e amigos têm um papel crucial a desempenhar, proporcionando um ambiente de compreensão, aceitação e cuidado. Embora a depressão pós-parto seja uma condição médica que muitas vezes necessita de tratamento profissional, a ajuda das pessoas próximas pode fazer uma grande diferença. Isso pode envolver desde oferecer uma palavra de encorajamento até ajudar nas tarefas cotidianas, como cuidar do bebê e da casa.
Além do apoio da família e dos amigos, os grupos de apoio e as comunidades também podem ser uma ferramenta valiosa para as mães que lidam com a Depressão Pós-Parto. Nestes espaços, elas têm a oportunidade de compartilhar experiências e sentimentos com outras pessoas que estão passando ou passaram pela mesma situação, aliviando a sensação de solidão e incompreensão que a depressão pode provocar. Grupos de apoio oferecem um ambiente seguro para expressar sentimentos e preocupações, e aprender estratégias de enfrentamento de mães que já superaram a Depressão Pós-Parto. Você pode encontrar essas redes de apoio tanto presencialmente, em hospitais e centros de saúde, quanto online, em fóruns e redes sociais especializadas.
Teste para medir depressão pós-parto
A EPDS (Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo) foi criada em 1987, com o objetivo de identificar essa doença por meio da autoavaliação. O questionário possui 10 perguntas e cada uma delas oferece quatro alternativas para resposta. A pontuação máxima do teste é 30. Resultado maiores ou iguais a 12 pontos representam chances de depressão pós-parto. Você pode fazer o teste online aqui.
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