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Os avanços no tratamento do diabetes tipo I permitiram que grande parte das diabéticas tenham qualidade de vida muito próxima do normal. Sem tanta preocupação com problemas da própria saúde, surgem desejos naturais, como o de ter um filho. A gestação de mulheres diabéticas é sempre considerada uma gestação de alto risco, no entanto, com um bom acompanhamento pré-natal, os resultados assemelham-se aos de pacientes não diabéticas. Veja aqui algumas dicas para ter uma gravidez saudável!
Este artigo é voltado para pacientes que tem a diabetes ANTES de engravidar. Para diabetes diagnosticada durante a gravidez veja este artigo: O que é diabetes gestacional?
Controle bem o diabetes antes de engravidar
Não espere engravidar para verificar o controle, pois a gravidez em uma diabética mal-controlada aumenta os riscos de aborto nos primeiros 3 meses e também a chance de malformações do bebê. Uma boa medida para avaliar se o seu controle está adequado é a hemoglobina glicada, ou hemoglobina glicosilada, um exame que reflete a média dos controles do açúcar no sangue nos últimos 2 a 3 meses. Atualmente, recomenda-se que a hemoglobina glicada esteja menor ou igual a 6,5% para que a mulher comece a tentar uma gravidez.
Planeje antecipadamente as mudanças necessárias na sua rotina
Isso não serve apenas para a gestação, afinal de contas, você está prestes a ter um bebê! Várias coisas mudarão na sua vida e você precisa ir se preparando. Durante a gestação você deverá respeitar com rigor os horários das refeições e fazer um número maior de refeições por dia (as 3 principais e mais 3 pequenos lanches). Será preciso um maior número de picadas de dedo (dextros) para avaliar as taxas de açúcar no sangue diariamente, durante toda a gravidez. Isso acontece porque a necessidade de insulina vai mudando com o evoluir da gestação, e o médico precisará ir ajustando as doses.
Você deve adotar uma dieta mais saudável, se possível com avaliações frequentes de uma nutricionista, para adequar sua alimentação ao tratamento do diabetes. Portanto, comece a planejar o dia-a-dia, considerando seu trabalho, lazer e outras atividades, para que a gravidez chegue ao final com o melhor resultado possível.
Esteja no peso ideal
Além do bom controle da glicemia, estar no peso adequado ajuda a melhorar os resultados da gravidez para você e para o bebê.
Estabeleça um canal de comunicação entre o seu Endocrinologista e o seu Ginecologista e Obstetra
Durante a gestação, a boa comunicação entre esses profissionais é essencial para a tomada de decisões. Também é importante procurar um obstetra que tenha experiência no tratamento de gestantes diabéticas.
Se possível, faça uma consulta pré-concepcional
Assim o obstetra irá recomendar o uso antecipado de um suplemento nutricional chamado ácido fólico, que ajuda a prevenir malformações na coluna vertebral do bebê. Serão solicitados exames de doenças infecciosas que podem ser transmitidas ao bebê e reavaliados os seus exames do diabetes, para verificar o seu estado de saúde e modificações que possam ser necessárias antes de engravidar. Esse é um bom momento para você tirar todas as dúvidas e sair segura sobre o planejamento da gestação.
Veja abaixo as dúvidas mais frequêntes entre as futuras mamãe
Posso usar qualquer tipo de insulina na gravidez?
Atualmente existem vários tipos de insulina disponíveis. A maior experiência é com o uso de NPH e insulina regular, entretanto se você usa outras insulinas, como a Lispro, Aspart, Detemir ou Glargina e está bem controlada, poderá continuar utilizando o mesmo tratamento.
Meu bebê vai ter diabetes tipo I?
O risco dos filhos de mães diabéticas desenvolverem diabetes é maior se comparado com mães que não tenham a doença. No entanto, esse risco fica por volta de 3%, o que, em termos absolutos, não é muito. Portanto, o risco de ter um filho que desenvolva o diabetes não deve desencorajar mulheres diabéticas de engravidarem.
Por ser diabética, preciso fazer mais exames durante o pré-natal?
Alguns exames extras estão indicados em diabéticas. Já na primeira consulta, você precisa ter exames do funcionamento dos rins, ecocardiografia e exame do fundo de olho no início da gravidez. Se você tem esses exames recentes, tudo bem. Durante a gestação, o médico acompanhará suas glicemias e pedirá a hemoglobina glicosilada a cada 3 meses, para avaliar a evolução do controle. As ultrassonografias deverão ser mais frequentes, aproximadamente uma por mês, para avaliar o crescimento do bebê e também a quantidade de líquido amniótico. Estão indicadas duas ultrassonografias especiais: a ecocardiografia fetal, que avalia de modo mais completo a formação do coração do bebê e a dopplervelocimetria obstétrica, ou simplesmente ultrassom com doppler. Essa última tem um nome complicado, mas é um exame simples, que avalia a circulação do bebê e da placenta, com o objetivo de identificar se há um problema conhecido como insuficiência placentária (um defeito no funcionamento da placenta que pode dificultar o crescimento adequado do bebê). Outro exame que pedimos em diabéticas com mais frequência é a cultura de urina, pois a doença predispõe a infecções urinárias durante a gravidez.
O parto deverá obrigatoriamente ser cesárea?
Não, caso a gravidez evolua bem e o bebê esteja num tamanho adequado, você poderá ter um parto normal.
O diabetes traz algum risco para a saúde do bebê?
O diabetes mal-controlado pode trazer riscos para a saúde do bebê. No começo da gravidez pode levar a maior risco de malformações, especialmente defeitos na formação do coração fetal. Eleva-se também o risco de aborto. É importante salientar que, apesar de haver aumento no risco dessas condições em comparação à população não diabética, a grande maioria dos bebês de gestantes com diabetes tipo I não apresenta qualquer malformação ao nascimento. Do meio para o final da gestação podem aparecer outros problemas relacionados ao descontrole do diabetes, como por exemplo o crescimento excessivo do bebê, o que chamamos de macrossomia.
Durante o parto, pode haver dificuldades se ele estiver acima do peso e, em alguns casos, será indicada uma cesárea. Além disso, o fato do bebê crescer muito rápido não significa que ele esteja amadurecendo adequadamente. De fato, bebês de mães diabéticas descontroladas podem nascer com bom peso e ainda assim precisarem de cuidados intensivos depois do nascimento, pois o diabetes pode atrasar o amadurecimento dos pulmões. Outra anormalidade que pode ocorrer é o aumento da quantidade de líquido dentro do útero (líquido amniótico), gerando desconforto no abdome da grávida, dificuldade para respirar e até mesmo desencadear um trabalho de parto prematuro pela distensão uterina.
A gravidez pode trazer complicações para a saúde da mãe diabética?
Felizmente, complicações graves não são comuns. As diabéticas que tem algum comprometimento da função dos rins, apresentam maior risco de doenças hipertensivas da gestação, principalmente a pré-eclâmpsia.
Faço contagem de carboidratos. Posso continuar?
Sim, mas haverá menor liberdade na escolha dos alimentos. Por exemplo, se você está acostumada a se esbaldar de chocolates e depois compensar com a insulina, isso não será permitido. Pense que QUALQUER gestante deve ter uma dieta adequada, independentemente de ser ou não diabética. Idealmente, a nutricionista calculará sua necessidade dietética em termos de calorias e carboidratos para cada uma das refeições, e lhe dará várias opções do que comer, com uma dose aproximadamente fixa de insulina para cada refeição. O emprego de correção de glicemia durante a gravidez não é o ideal, pois a gestante pode ficar várias horas com a glicemia elevada até que a correção seja feita. Na gestação, não queremos correr atrás do prejuízo, queremos nos antecipar a ele.
Depois do parto, poderei amamentar?
Sim, mas você deverá ter alguns cuidados. Sempre faça um pequeno lanche antes de cada mamada (como um copo de leite, por exemplo), pois a amamentação pode levar a hipoglicemias súbitas. Logo depois do parto, a necessidade de insulina pode diminuir bastante e as hipoglicemias ficam mais frequentes se a dose não for corrigida. Além disso, uma nutricionista irá orientá-la sobre o aporte calórico extra que você deverá ingerir enquanto estiver amamentando.
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