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Introdução
A invasão microbiana da cavidade amniótica, resultando em infecção intra-amniótica, está associada a complicações obstétricas, como parto prematuro com membranas intactas ou rompidas, insuficiência cervical e corioamnionite clínica e histológica. A rota mais amplamente aceita para a infecção intra-amniótica é a ascensão de microrganismos do trato genital inferior. No entanto, a disseminação hematogênica de microrganismos da cavidade oral ou intestino, a propagação retrógrada da cavidade peritoneal através das trompas de falópio e a introdução por procedimentos médicos invasivos também foram sugeridas como possíveis vias para a infecção intra-amniótica. A principal razão pela qual uma via ascendente é vista como mais comum é que os microrganismos mais frequentemente detectados no líquido amniótico são aqueles que são habitantes típicos da vagina. No entanto, até o momento, nenhum estudo demonstrou que microorganismos na cavidade amniótica estejam presentes simultaneamente na vagina da mulher da qual foram isolados. O objetivo do estudo foi determinar a frequência com que microrganismos isolados de mulheres com infecção intra-amniótica também estão presentes no trato genital inferior.
Métodos
Este foi um estudo transversal de mulheres com infecção intra-amniótica e com membranas íntegras. A infecção intra-amniótica foi definida como uma cultura positiva e concentrações elevadas de interleucina-6 (IL-6) (> 2,6 ng/mL) no líquido amniótico e / ou corioamnionite histológica aguda e funisite. Os microrganismos isolados de culturas bacterianas do líquido amniótico foram identificados taxonomicamente por espectrometria de massa por desorção-ionização de laser em matriz (MALDI-TOF) e sequenciamento do gene RNA ribossômico 16S (rRNA). Os swabs vaginais foram obtidos no momento da amniocentese para a identificação de microrganismos no trato genital inferior. Os perfis bacterianos gerais do líquido amniótico e swabs vaginais foram caracterizados através do sequenciamento do gene 16S rRNA. Os perfis bacterianos dos swabs vaginais foram investigados quanto à presença de bactérias cultivadas a partir de líquido amniótico e pela presença de unidades taxonômicas operacionais (OTUs) proeminentes (> 1% de abundância relativa média) dentro dos perfis bacterianos gerais do gene 16S rRNA do líquido amniótico.
Resultados
- Um total de 75% (6/8) das mulheres possuíam bactérias cultivadas no líquido amniótico, eram típicas residentes do ecossistema vaginal.
- Um total de 62,5% (5/8) das mulheres com bactérias cultivadas a partir do líquido amniótico também tiveram essas bactérias presentes na vagina.
- Os microrganismos cultivados a partir de líquido amniótico e também detectados na vagina foram Ureaplasma urealyticum, Escherichia coli e Streptococcus agalactiae.
- O seqüenciamento do gene 16S rRNA revelou que o líquido amniótico de mulheres com infecção intra-amniótica tinha perfis bacterianos dominados por Sneathia, Ureaplasma, Prevotella, Lactobacillus, Escherichia, Gardnerella, Peptostreptococcus, Peptoniphilus e Streptococcus, muitas das quais não foram cultivadas das amostras de líquido amniótico.
- Setenta por cento (7/10) das OTUs proeminentes (> 1% de abundância relativa média) encontradas no líquido amniótico também foram proeminentes na vagina.
Conclusão
A maioria das mulheres com infecção intra-amniótica tinha bactérias cultivadas a partir de seu líquido amniótico, que eram comensais vaginais típicos, e essas bactérias foram detectadas na vagina no momento da amniocentese. A investigação microbiológica molecular do líquido amniótico de mulheres com infecção intra-amniótica revelou que os perfis bacterianos do líquido amniótico eram amplamente consistentes com os da vagina. Esses achados indicam que a ascensão do trato genital inferior é a principal via para a infecção intra-amniótica.
Artigo Original: Romero, R et al. Evidence that intra-amniotic infections are often the result of an ascending invasion – a molecular microbiological study
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