Ondansetrona para Tratamento de Náuseas e Vômitos da Gravidez e o Risco de Defeitos Congênitos Específicos

A ondansetrona é bastante utilizada atualmente para tratar enjôos da gravidez. Este artigo fala sobre o risco de malfomações pelo uso da ondansetrona.

Dr Rafael Bruns

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Náuseas e vômitos na gestação

A ondansetrona é uma substância ativa de medicamentos, que possui atividade antiemética. É utilizada para controlar as náuseas e vômitos provocados por quimioterapia e radioterapia, assim como em pós-operatórios. Eventualmente é utilizada para tratamento dos enjôos que ocorrem na gestação e iniciam por volta da 6ª semana. O estudo teve como objetivo usar dados de dois grandes estudos sobre defeitos congênitos. Com isto, descreveu-se as tendências temporais do uso da ondansetrona no tratamento de náuseas e vômitos no primeiro trimestre da gestação. Além disso investigou-se associações, previamente relatadas ou não, entre o uso da ondansetrona no primeiro trimestre e defeitos congênitos.

Ondansetrona e Vômitos na Gestação

Utilizando dados de dois estudos de caso-controle, o Estudo Nacional de Prevenção de Defeitos Congênitos (1997-2011) e o Estudo de Defeitos Congênitos Slone (1997-2014). A prevalência do uso de ondansetrona entre pacientes-controle foi calculada em intervalos de dois anos. Usando mulheres não tratadas como referência, calculou-se o odds ratio ajustado e o IC95% para associações entre o uso de ondansetrona no primeiro trimestre para tratamento de náuseas e vômitos da gravidez e defeitos congênitos específicos. Bem como um grupo de exposição secundária a outros antieméticos foi usado para tratamento da confusão por indicação.

A Ondansetrona e Defeitos Congênitos

No Estudo Nacional de Prevenção de Defeitos Congênitos e Estudo de Defeitos Congênitos, respectivamente, 6.751 e 5.873 mães de controle e 14.667 e 8.533 mães de casos que relataram náuseas e vômitos na primeira gravidez foram incluídas na análise. Entre as mulheres do grupo controle, a exposição a ondansetrona aumentou de menos de 1% antes de 2000 para 13% em 2013-2014. Em síntese, o uso da ondansetrona não foi associado a um risco aumentado para a maioria dos defeitos analisados. Um Aumento modesto no risco para fissura de palato foi observado no Estudo Nacional de Prevenção de Defeitos Congênitos. Em contraste,  um aumento de agenesia/disgenesia renal (ajustado OR 1,8, IC 95% 1,1-3,0) foi identificado no Estudo de Defeitos Congênitos. Entretanto estes achados podem ser eventualmente ser atribuídos ao acaso. Em setembro de 2019 uma mensagem de WhatsApp em grupos médicos provocou a discussão sobre a associação de malformações com o uso da ondansetrona.

Conclusão

O uso off-label da ondansetrona para o tratamento de náuseas e vômitos da gravidez aumentou para 13%. Aparentemente, não houve aumento do risco associado ao uso de ondansetrona no primeiro trimestre da gestação. Entretanto associações modestas com fissura palatina e disgenesia renal foram identificadas e necessitam de mais estudos.

Veja o artigo na íntegra no Green Journal.

Categorias: Artigos, Médicos
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