Tetralogia de Fallot: O que você precisa saber

Conheça a tetralogia de Fallot, seus sintomas e a importância de um tratamento especializado em centros de referência.

Dr Rafael Bruns

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Tetralogia de Fallot

A chegada de um novo membro à família traz consigo um turbilhão de emoções. No entanto, a saúde do bebê é sempre uma prioridade, principalmente quando se trata de questões cardíacas. Uma das condições que tem despertado preocupação em muitos pais é a tetralogia de Fallot. Esta cardiopatia congênita, embora grave, tem tratamentos disponíveis que podem permitir à criança uma vida saudável. Ao longo deste artigo, abordaremos detalhadamente a tetralogia de Fallot, desde seus sintomas até as opções de tratamento, oferecendo insights e respostas às perguntas mais frequentes sobre essa condição.

O que é a Tetralogia de Fallot?

Quando falamos em tetralogia de Fallot, estamos nos referindo a uma combinação de quatro defeitos cardíacos congênitos. Mas, quais são os 4 defeitos da tetralogia de Fallot?

  1. Defeito do septo ventricular (Comunicação interventricular): Esse defeito envolve um orifício inesperado entre os dois ventrículos, permitindo que o sangue pobre em oxigênio se misture ao sangue rico em oxigênio.
  2. Estenose pulmonar: Aqui, encontramos uma obstrução na saída do ventrículo direito, dificultando o fluxo sanguíneo para a artéria pulmonar.
  3. Dextroposição da aorta: A principal artéria do corpo, a aorta, fica posicionada de maneira anormal, justamente acima do defeito do septo ventricular, captando sangue de ambos os ventrículos.
  4. Hipertrofia ventricular direita: Este é um espessamento do músculo do ventrículo direito, tornando-o mais robusto que o normal.

Sintomas da Tetralogia de Fallot

A tetralogia de Fallot pode manifestar uma variedade de sintomas, especialmente após o nascimento. Entre os mais comuns, destacam-se:

  • Cianose: Este é um sintoma distintivo, onde a pele e as unhas do bebê assumem uma tonalidade azulada. Este tom pode intensificar-se quando o bebê se agita ou chora.
  • Dificuldades Alimentares: Alguns bebês podem apresentar problemas ao se alimentar, demonstrando falta de apetite ou cansaço durante a alimentação.
  • Crescimento Lento: Devido à insuficiência cardíaca, o bebê pode apresentar um ritmo de crescimento abaixo do esperado para sua idade.
  • Crises Hipercianóticas: São episódios agudos onde a cianose piora consideravelmente, acompanhada de uma queda abrupta na saturação de oxigênio.

Importante ressaltar que, durante a gestação, a mãe portadora de um bebê com tetralogia de Fallot geralmente não apresenta sintomas associados à condição do feto. Da mesma forma o feto também não apresenta sintomas específicos. Isso ocorre porque o sistema circulatório do feto é diferente do de um bebê após o nascimento, permitindo que o sangue circule de forma eficaz sem manifestar os sintomas típicos da tetralogia.

Por conta dessa ausência de sintomas claros tanto na gestante quanto no feto, a avaliação com um especialista em medicina fetal e a realização de uma ecocardiografia fetal durante o pré-natal tornam-se fundamentais. Infelizmente, a detecção pré-natal de malformações cardíacas, incluindo a tetralogia de Fallot, tem uma taxa historicamente baixa. Isso reforça ainda mais a importância de consultas regulares e exames detalhados durante a gestação, garantindo o melhor cuidado e preparação para o nascimento da criança.

Diagnóstico da Tetralogia de Fallot

Identificar a tetralogia de Fallot em estágios iniciais pode fazer uma diferença significativa na abordagem do tratamento. No entanto, o processo de diagnóstico nem sempre é simples ou direto.

Em muitos casos, o diagnóstico da tetralogia de Fallot é feito durante o exame morfológico de segundo trimestre, também conhecido como ultrassom morfológico. Este exame, geralmente realizado entre a 20ª e a 24ª semana de gestação, avalia detalhadamente a anatomia do feto e pode identificar possíveis anomalias estruturais, incluindo defeitos cardíacos.

Outro exame fundamental nesse contexto é a ecocardiografia fetal. Esse procedimento é uma espécie de ultrassom do coração do feto, e é capaz de visualizar em detalhes as estruturas cardíacas, permitindo identificar condições como a tetralogia de Fallot.

A frequência cardíaca de um feto com tetralogia de Fallot é similar à de um feto saudável, por isso, apenas avaliar a frequência não auxilia no diagnóstico. Saiba mais sobre a frequência cardíaca normal do feto.

Contudo, apesar dessas ferramentas diagnósticas avançadas, o diagnóstico da tetralogia pode, em algumas situações, ser desafiador. Em determinados casos, os sinais da condição não são facilmente discerníveis nos exames pré-natais, o que pode levar a um diagnóstico apenas no período pós-natal, após o nascimento do bebê.

A expertise de um especialista em medicina fetal pode ser crucial para melhorar as taxas de diagnóstico. Esses profissionais são treinados para identificar até mesmo as nuances mais sutis em exames, aumentando assim a precisão na detecção de condições como a tetralogia de Fallot. Por isso, é altamente recomendável que as gestantes realizem seus exames com profissionais especializados nesse campo, garantindo um cuidado abrangente e preciso durante o período gestacional.

Tratamento da Tetralogia de Fallot

O tratamento definitivo da tetralogia é a correção cirúrgica. Na maioria dos casos, essa cirurgia é realizada nos primeiros meses de vida do bebê, por volta dos seis meses de idade.

A Importância do Nascimento em um Centro Terciário com Cirurgia Cardíaca Pediátrica

O nascimento de um bebê diagnosticado com tetralogia de Fallot, ou qualquer outra cardiopatia congênita complexa, em um centro terciário especializado é de suma importância. Aqui estão algumas razões pelas quais:

  1. Especialização e Experiência: Os centros terciários contam com equipes médicas altamente especializadas, com vasta experiência no diagnóstico, manejo e tratamento de cardiopatias congênitas.
  2. Recursos Avançados: Estes centros são equipados com tecnologia avançada e infraestrutura específica para atender casos complexos, o que é vital para a saúde e recuperação do bebê.
  3. Cuidado Imediato: Em muitos casos de cardiopatias congênitas, intervenções médicas precisam ser realizadas logo após o nascimento. Estar em um centro com capacidade de cirurgia cardíaca pediátrica garante que o bebê receba o tratamento necessário o mais rápido possível.
  4. Acompanhamento Multidisciplinar: Além da equipe cardiológica, o bebê terá acesso a um cuidado multidisciplinar, envolvendo neonatologistas, enfermeiros especializados, nutricionistas, fisioterapeutas e outros profissionais capacitados para lidar com sua condição.
  5. Suporte à Família: Estes centros frequentemente proporcionam suporte emocional e psicológico não só ao bebê, mas também à família, ajudando-os a navegar pelos desafios da condição.

Principais Centros de Referência no Brasil para Cirurgia Cardíaca Pediátrica:O Brasil possui vários hospitais e instituições reconhecidos pela excelência em cirurgia cardíaca pediátrica. Alguns deles são:

  1. Instituto do Coração (InCor) – Hospital das Clínicas da FMUSP – São Paulo, SP.
  2. Hospital do Coração (HCor) – São Paulo, SP.
  3. Hospital Pro Cardíaco – Rio de Janeiro, RJ.
  4. Instituto de Cardiologia do Distrito Federal – Brasília, DF.
  5. Hospital São Lucas da PUCRS – Porto Alegre, RS.
  6. Hospital Pequeno Príncipe – Curitiba, PR.

Estes são apenas alguns dos muitos centros de referência disponíveis no Brasil. Além disso, considerar um nascimento em centros renomados garante o melhor cuidado.

Prognóstico

A tetralogia de Fallot, apesar de ser uma condição cardíaca congênita séria, tem visto avanços significativos no que diz respeito ao seu tratamento e, consequentemente, ao seu prognóstico. Com a intervenção médica adequada, em especial a correção cirúrgica, muitas crianças diagnosticadas com essa condição têm a oportunidade de levar uma vida saudável e ativa.

No entanto, é vital mencionar que o prognóstico pode variar, e um dos fatores cruciais nessa variação é o tamanho da via de saída do ventrículo direito (a artéria pulmonar). Dependendo de suas características anatômicas e funcionais, a abordagem terapêutica e o desfecho podem sofrer nuances.

Para pais e responsáveis que estão enfrentando esse diagnóstico, é valioso mergulhar um pouco na história da medicina para compreender os avanços alcançados. Nesse contexto, o filme “Quase Deuses” oferece uma perspectiva inspiradora. Ele narra a trajetória real de Vivien Thomas e Dr. Alfred Blalock, que desempenharam um papel vital no desenvolvimento da cirurgia de correção da tetralogia de Fallot. A história destaca não apenas os desafios médicos, mas também as barreiras sociais e raciais da época, fornecendo uma visão profunda da perseverança e inovação em meio à adversidade.

Sugerimos aos pais de uma criança com tetralogia de Fallot que assistam a “Quase Deuses”. A obra oferece não apenas conhecimento, mas também uma dose de esperança e inspiração, mostrando que a medicina, quando movida pela paixão e dedicação, pode superar as barreiras mais intransponíveis e transformar vidas.

Como vive uma pessoa com Tetralogia de Fallot?

Após a correção cirúrgica, a qualidade de vida de uma pessoa com tetralogia de Fallot pode ser comparável à de indivíduos sem a condição. No entanto, monitoramento cardíaco regular e cuidados contínuos são essenciais.

Quantos anos vive uma pessoa que tem Tetralogia de Fallot?

Devido aos avanços médicos, quem é tratado adequadamente para a tetralogia de Fallot pode ter uma longa vida. Muitos alcançam a idade adulta e vivem várias décadas.

Quem tem tetralogia de Fallot pode ter filhos?

Sim, indivíduos que foram diagnosticados e tratados para tetralogia de Fallot podem ter filhos. No entanto, é importante destacar que, embora muitas pessoas com tetralogia de Fallot corrigida levem vidas normais e saudáveis, a gravidez pode apresentar riscos adicionais tanto para a mãe quanto para o bebê. Estes riscos dependem de fatores como a extensão da correção cirúrgica realizada, a presença de arritmias ou outras complicações cardíacas, e a função cardíaca geral da mãe.

Mulheres com tetralogia de Fallot corrigida e que desejam engravidar devem consultar um cardiologista. Além disso, é vital ver um obstetra especializado em gestações de risco. Essa estratégia multidisciplinar avalia profundamente os riscos. Assim, a gestação ocorre da forma mais segura para mãe e bebê.

Além disso, durante a gestação, é fundamental o acompanhamento regular com esses especialistas, para monitorar a função cardíaca da mãe e o desenvolvimento do feto. Dessa forma, qualquer potencial complicação pode ser identificada precocemente, permitindo intervenções oportunas para garantir o melhor desfecho para a gestação.

Pessoas com tetralogia de Fallot corrigida podem conceber e ter filhos. No entanto, a decisão de engravidar deve ser informada e contar com o suporte de especialistas, assegurando a saúde e segurança de todos.

Conclusão

Entender a tetralogia de Fallot é crucial para as famílias afetadas por essa condição. A cirurgia tem revolucionado o tratamento, permitindo que as crianças levem vidas plenas e produtivas. A chave está no diagnóstico precoce e na intervenção adequada. Se você tem preocupações sobre a tetralogia de Fallot, procure orientação médica.

Categorias: Dúvidas, Gestantes
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