Ventriculomegalia fetal leve: diagnóstico, avaliação e conduta

A ventriculomegalia leve é uma achado razoavelmente comum em exames ultrassonográficos. Este artigo revisa a recomendação de manejo e conduta nestes casos.

Dr Rafael Bruns

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A ventriculomegalia é definida como a dilatação dos ventrículos cerebrais fetais e é um achado relativamente comum na ultrassonografia pré-natal. O objetivo deste documento é revisar o diagnóstico, avaliação e a conduta em casos de ventriculomegalia fetal leve.

Quando o alargamento dos ventrículos laterais (≥ 10 mm) é identificado, uma avaliação completa deve ser realizada. Além da dilatação ventricular o plexo coróide fica “pendente” (veja também cisto de plexo coróide). Dessa forma deve-se realizar avaliação ultrassonográfica detalhada da anatomia fetal, amniocentese para cariótipo, além de uma investigação para infecções fetais. Em alguns casos é importante também o exame de microarray (teste genético mais apurado).

Em alguns casos, a ressonância magnética fetal pode identificar outras anormalidades do sistema nervoso central e deve ser considerada quando esta tecnologia, assim como a interpretação especializada, estiver disponível.

Exames de ultrassonografia seriada para acompanhamento devem ser realizados para avaliar a progressão da dilatação ventricular. Algumas alterações como a holoprosencefalia também podem ser confundidas com Ventriculomegalia e por isso a avaliação por especialista é essencial. No cenário de ventriculomegalia isolada de 10 a 12 mm, a probabilidade de sobrevivência com neurodesenvolvimento normal é mais 90%. Com ventriculomegalia moderada (13 a 15 mm), a probabilidade de neurodesenvolvimento normal é de 75 a 93%.

Recomendações de Conduta

As recomendações da Society for Maternal-Fetal Medicine são as seguintes:

  • Sugerimos que a ventriculomegalia seja caracterizada como leve (10–12 mm), moderada (13–15 mm) ou grave (> 15 mm) para fins de aconselhamento do paciente, uma vez que a chance de um resultado adverso e o potencial para outras anormalidades são maiores quando os ventrículos medem 13 a 15 mm versus 10 a 12 mm (GRAU 2B);
  • Recomendamos que o teste diagnóstico (amniocentese) com análise de microarray cromossômico seja oferecido quando a ventriculomegalia for detectada (GRAU 1B);
  • Recomendamos o teste de citomegalovírus e toxoplasmose quando a ventriculomegalia é detectada, independentemente da exposição ou sintomas conhecidos (GRAU 1B);
  • Sugerimos que a ressonância magnética seja considerada em casos de ventriculomegalia fetal leve ou moderada quando esta modalidade e interpretação radiológica especializada estiverem disponíveis. A ressonância magnética provavelmente será de menor valor se o paciente tiver feito uma ultrassonografia detalhada realizada por um indivíduo com experiência e habilidades específicas em imagens ultrassonográficas do cérebro fetal (GRAU 2B)
  • Recomendamos que o momento e o tipo de parto sejam baseados em indicações obstétricas padrão (GRADE 1C);
  • Recomendamos que, com ventriculomegalia leve isolada de 10 a 12 mm, após uma avaliação completa, as mulheres recebam orientação de que o desfecho é favorável e que a criança provavelmente será normal (GRAU 1B);
  • Recomendamos que, com a ventriculomegalia moderada isolada de 13 a 15 mm, após uma avaliação completa, as mulheres sejam informadas de que o desfecho provavelmente será favorável, mas que há um risco aumentado de alterações do desenvolvimento neurológico (GRAU 1B).

Referência

  1. Mild fetal ventriculomegaly: diagnosis, evaluation, and management
Categorias: Artigos, Médicos
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